16.10.06

"PortoGaia"



Deambulo sobre as paisagens,
guio-me pelas pedras que fazem as estradas.
A cidade comanda-me, sou filho da vontade pétrea.
Ressono com o metal,
com a madeira e a rocha ,
com a tinta e os gases e as brisas,
com os vapores e os fotões e os cromatismos sinestésicos conjecturados.

As horas foram segundos e os segundos são horas...
Transporto-me através de mim, os meus pés são rodas até ao cansaço.
A miragem idílica abraça-me enquanto a distância bloqueia o evidente!

Preciso de um "medium"!!!
Um veículo que me transporte tranquilo no espaço...
A cidade contém orgãos, sistemas, meios, formas acessíveis aos transeuntes.

Aproveito-me disso,
vampirizo-a, uso-a como um mendigo epicurista;
Conecto-me, por um acesso do destino insano, às vias de circulação da cidade e entro num vaso venoso o qual transporta cheiros e outros como eu; Emana uma névoa carbónica quente; Desloca-se ao consumir energia e é útil à decadêndia.
Viajo na trama urbana e, como num portal entre seres.
Amo no e o rio que me une os separa.

A magnitude da intensidade do momento supera qualquer bairrismo tripeiro.
O Porto é Gaia!!!
(por instantes em mim)

O meu universo é a fusão catárquica das acrópoles contíguas,
numa escultura messiânica, um evaporar massivo do Douro etéreo.
A beleza revela-se-me quando me sinto num lugar e ele se me transmite.

Aqui, faço!
Estou!!
Existo!!!
Sou em potência!!!!
A minha alma liga-se a este lugar errante...
Não sei se culpa do granito enegrecido,
do prateado d´ouro,
da suave embriaguez "ruby",
ou das francesas feitas sonho pantagruélico pueril.

Acho que o meu Ser co-existe com o emergir deste espírito tripeiro milenar!

4 Comments:

Blogger Rita said...

A cidade vai desperta nas suas cruzilhadas sazonais. Eu olho as coisas com vontade de as devorar. Que coisas? Todas as coisas que estão expostas e dispostas num ser sendo e num ser não sendo. Olho-as e quero somente escrever as sensações que elas me provocam. De cima da serra do Pilar toda a imagem parece pintada. As coisas parecem ter sido arrumadas a cuidado. Os rabelos estão alinhados, o rio dourado está alisado com prata, as pontes dispostas em arcos perfeitos. As linhas ondulares que levam o rio até ao mar provocam ansiedade de ver e paz por não ver! As casas da ribeira formam uma palete de cores quentes que afastam todo o possível incómodo do já habitual cinzento dos céus. E por entre séculos de história atravessa-se o metro moderno, industrial, tecnológico, contrastando, mas já mais cortando com o resto da beleza da cidade.

2:22 da manhã  
Blogger Rita said...

Parece mentira mas escrevi isto no domingo de madrugada... 16 de outubro...andas-me a plagiar? :p

2:24 da manhã  
Blogger joanapadilha said...

"A beleza revela-se-me quando me sinto num lugar e ele se me transmite."- lindo!!!! sim é isso... continuamos no mesmo comprimento de onda.

4:25 da tarde  
Blogger Mushi said...

Mas está tão longe. Ouves a cidade dali?

2:24 da manhã  

Enviar um comentário

<< Home