7.10.06

Ser e ser. A fusão de dois seres.




Alguma coisa…entretanto!

Tão pouco o perene, tão emergente o fugaz. Pedaços de vida, coisas isoladas; são todos os momentos. De repente, em cada um deles, parecemos também nós pedaços de alguma coisa, petrificados no presente, a olhar o passado, a adivinhar ansiando o futuro e esse gesto em que me transformo enoja-me! Quero parti-lo, gani-lo, uivá-lo, queimá-lo em estalo (“in”)consciente! Quero “crackar” a rígida cúpula da sapiência negativista que nos revela a luz, a verdadeira conclusão, derradeira, a ignóbil consciência humana.

Rasgo as ligaduras, espremo a repressão de soslaio, e enquanto espremo a repressão soslaiamente, para não ser notado por esse infalível sistema, olho cinzeiros sujos. As cinzas estão dispostas conforme a sua vontade. As cinzas quadradas, pentagonais, circulares e elípticas. Tudo parece perene, mas na emergência de um sopro fugaz, o perene é tão pouco e curto. Um simples sopro vital e matei todas as cinzas do cinzeiro. Matei-as!!! E renasci-as como Fénix omnipotente, pedaço de cinza, eu que me transformo em sopro ardente da alma decaída (que teima em fazer-se sentir sem se revelar).

Intoxico-me com os restos carbonizados. Inalo os restos… e sou ave em chamas…por mim. Projecto-o e sei que nem vejo o alvo, nem sequer o posso alcançar. Atiro-me heróico cobardemente, como um cabrão irónico, futurista melancólico, protestante católico. Queiramos ou não…somos filhos da antítese, netos da contradição.

E deus? Essa ausência paradoxal que não chega nunca a parte nenhuma, deixando-nos na espera infinita, ao mais finito dos seres! E o quê que nos resta nesse resto de tempo à sua espera? Uns miseráveis intervalos a brincar com urânio, dinamite e a manusear aviõezinhos de papel, que se queimam a cada emboscada, que se esbarram contra torres também de papel, com cheiro a dinheiro. Não, não quero brincar mais, e não ser mais criança neste infantário de loucos em que ser verdadeiramente criança é ser-se crescido. É crescer rejuvenescido. Cristalizar a existência num prisma ectoplásmico, irregularmente mais complexo e GIRAR! Girar na espiral do “infinitivus” infinito. A vida pela vida. A morte pela morte. O Ser pelo ser e o ser pelo Ser. A infância pela criança. A demência pela melancolia.

criado em conjunto por blasfemo e Dixo