28.10.06

crepúsculo apocalíptico


"Apocalipse - do Gr. apokálypsis, acção de descobrir, (fig.) revelação" in priberam dicionário on-line
Entre linhas, horizontes e a linha do horizonte;
No meio de sensações filhas de outras
(naquele inseguro olhar franzido)
Absorvo nos meus pulmões doridos, o inevitável jugo cronológico...

Perco-me nos esquissos do foi enquanto me encontro no porvir.
O presente aparece estável, vertiginoso e pendular,
baloiça nos ossos pensantes - a dor do pensamento - ao longo prazer de saber que ainda suo....
Encontro nas minhas marcas viscerais do outrora (ainda há instantes) a certeza que exalo vida e que faço vontades.

mmm...

De uma forma mais ou menos grotesca, vejo-as como marcas de sobeja antropomórfica, como se o excesso de vida na existência prevalecesse sobre a carne... como carne, num excesso de vida prevalente.
Lambo o passado em tragos viscosos, os meus orgãos protestam veemente;
É o inferno vermelho dentro de mim!
É a ferrugem de quem mora ao pé do mar e não tira a malha que o protege das espadas quando mergulha no oceano.
É o calcanhar de querer ser Aquilles em tempo de niilistas.

A neblina fede, o olhar cola-se, os ossos estalam, a electricidade zumbe à minha volta...
o mundo sabe a ontem.
Restam-me as palavras.
O espólio de uma vida.
O reflexo de um dilúculo!!!

O magnetismo biótico atrai-me, não tenho forças para me segurar preso ao mel onírico de um eterno dormir.
Então, subverto o inevitável num despertar contínuo!!!

16.10.06

"PortoGaia"



Deambulo sobre as paisagens,
guio-me pelas pedras que fazem as estradas.
A cidade comanda-me, sou filho da vontade pétrea.
Ressono com o metal,
com a madeira e a rocha ,
com a tinta e os gases e as brisas,
com os vapores e os fotões e os cromatismos sinestésicos conjecturados.

As horas foram segundos e os segundos são horas...
Transporto-me através de mim, os meus pés são rodas até ao cansaço.
A miragem idílica abraça-me enquanto a distância bloqueia o evidente!

Preciso de um "medium"!!!
Um veículo que me transporte tranquilo no espaço...
A cidade contém orgãos, sistemas, meios, formas acessíveis aos transeuntes.

Aproveito-me disso,
vampirizo-a, uso-a como um mendigo epicurista;
Conecto-me, por um acesso do destino insano, às vias de circulação da cidade e entro num vaso venoso o qual transporta cheiros e outros como eu; Emana uma névoa carbónica quente; Desloca-se ao consumir energia e é útil à decadêndia.
Viajo na trama urbana e, como num portal entre seres.
Amo no e o rio que me une os separa.

A magnitude da intensidade do momento supera qualquer bairrismo tripeiro.
O Porto é Gaia!!!
(por instantes em mim)

O meu universo é a fusão catárquica das acrópoles contíguas,
numa escultura messiânica, um evaporar massivo do Douro etéreo.
A beleza revela-se-me quando me sinto num lugar e ele se me transmite.

Aqui, faço!
Estou!!
Existo!!!
Sou em potência!!!!
A minha alma liga-se a este lugar errante...
Não sei se culpa do granito enegrecido,
do prateado d´ouro,
da suave embriaguez "ruby",
ou das francesas feitas sonho pantagruélico pueril.

Acho que o meu Ser co-existe com o emergir deste espírito tripeiro milenar!

10.10.06

"Opúsculo a-saudosista" ou "Neo-Manifesto existencialista"



O saudosismo consubstancia uma atitude humana perante o mundo que tem como base a saudade, considerada por Pascoaes o grande traço espiritual definidor da alma portuguesa — o que, segundo o poeta, é testemunhado pela literatura portuguesa ao longo dos séculos. No entanto, mais do que sentimento individual, a saudade é elevada a um plano místico (relação do Homem com Deus e com o mundo, ânsia nostálgica da unidade do material e do espiritual) e corresponde a uma doutrina política e social. Surgido no clima mental nacionalista, tradicionalista e neo-romântico de inícios do século, o saudosismo pretendia, tomando a saudade como princípio dinâmico e renovador (de forma algo obscura) levar a cabo, pela acção cultural, a regeneração do país. Seria, de acordo com o seu teorizador, a primeira corrente autenticamente portuguesa. Ligado a uma expectativa messiânica e profética, o saudosismo acabou por dar azo ao afastamento de alguns dos seus adeptos -—como António Sérgio, que não reconhecia no seu passadismo capacidade de renovação, ou até Fernando Pessoa, que, embora partilhando este elemento messiânico, acabou por preferir o projecto cosmopolita e revolucionário da Orpheu.

retirado de http://www.universal.pt/



O dia?
A noite?
O crepúsculo?
Que emerge depois do crepúsculo?
A emergência vital significará a imergência de nós em nós próprios ?


Todo o ser persegue o "feliz" e é feliz quando o persegue nao percebendo que persegue,
A felicidade é filha do fluxo vital, nunca poderá ser observada.
Se o tempo for feito de segundos, a vida é de felicidades.
Se não soubermos do tempo, somos eternos felizes.

Na
verdade, só depois de ultrapassarmos as fronteiras do inalcançado é que se revelam as trevas,
como se fôssemos encandeados e só restasse o negativo do momento conquistado...

o inverso da conquista...
o cristal submerso...

Se percorrermos amnésicos a fina linha entre o tempo e o espaço existimos em potência,
(ab)sorvemos a realidade como se fosse o real.
Infelizes somos no instante contíguo àquele em que se manifestou em nós a felicidade.

Queime-se essa saudade...
Aguce-se essa vibrante vontade instantânea...
Apoteose-se esse querer...
seja-se a ser agora, nunca a tentar que reapareça o Sebastião.
O presente é passado e futuro, o passado e o futuro são presente, se os olharmos no Presente.

A vida a reviver,
abstracta, redunda na mais decadente face do que é humano.
As memórias não passam de degraus.
São para serem pisados na caminhada ontológica,
são catapulta para o Ser e a catapulta não se arremessa junto com o projéctil,
ela fica________________________________
firme no solo, quando o Passado é
solo.

O viver deve depender do viver, não do reviver.
O saudar da nostalgia nada trás a não ser o cadáver do momento,
querer o que já foi é impressão neuropática.

Viva o viver!
Morte à revivência recalcada!

AGORA!!!


7.10.06

Ser e ser. A fusão de dois seres.




Alguma coisa…entretanto!

Tão pouco o perene, tão emergente o fugaz. Pedaços de vida, coisas isoladas; são todos os momentos. De repente, em cada um deles, parecemos também nós pedaços de alguma coisa, petrificados no presente, a olhar o passado, a adivinhar ansiando o futuro e esse gesto em que me transformo enoja-me! Quero parti-lo, gani-lo, uivá-lo, queimá-lo em estalo (“in”)consciente! Quero “crackar” a rígida cúpula da sapiência negativista que nos revela a luz, a verdadeira conclusão, derradeira, a ignóbil consciência humana.

Rasgo as ligaduras, espremo a repressão de soslaio, e enquanto espremo a repressão soslaiamente, para não ser notado por esse infalível sistema, olho cinzeiros sujos. As cinzas estão dispostas conforme a sua vontade. As cinzas quadradas, pentagonais, circulares e elípticas. Tudo parece perene, mas na emergência de um sopro fugaz, o perene é tão pouco e curto. Um simples sopro vital e matei todas as cinzas do cinzeiro. Matei-as!!! E renasci-as como Fénix omnipotente, pedaço de cinza, eu que me transformo em sopro ardente da alma decaída (que teima em fazer-se sentir sem se revelar).

Intoxico-me com os restos carbonizados. Inalo os restos… e sou ave em chamas…por mim. Projecto-o e sei que nem vejo o alvo, nem sequer o posso alcançar. Atiro-me heróico cobardemente, como um cabrão irónico, futurista melancólico, protestante católico. Queiramos ou não…somos filhos da antítese, netos da contradição.

E deus? Essa ausência paradoxal que não chega nunca a parte nenhuma, deixando-nos na espera infinita, ao mais finito dos seres! E o quê que nos resta nesse resto de tempo à sua espera? Uns miseráveis intervalos a brincar com urânio, dinamite e a manusear aviõezinhos de papel, que se queimam a cada emboscada, que se esbarram contra torres também de papel, com cheiro a dinheiro. Não, não quero brincar mais, e não ser mais criança neste infantário de loucos em que ser verdadeiramente criança é ser-se crescido. É crescer rejuvenescido. Cristalizar a existência num prisma ectoplásmico, irregularmente mais complexo e GIRAR! Girar na espiral do “infinitivus” infinito. A vida pela vida. A morte pela morte. O Ser pelo ser e o ser pelo Ser. A infância pela criança. A demência pela melancolia.

criado em conjunto por blasfemo e Dixo

5.10.06

"Framboesas e xarope de glucose" - A neo-admirável geração rebelde?!?

rebelde:

"do Lat. rebellare


. tr.,
tornar rebelde;
revoltar;
insurgir;


v. refl.,
tornar-se rebelde;
declarar-se em oposição."

de priberam - dicionário on-line

ora bem... pergunto-me... quais a revoltas presentes nesta auto-denominada geração rebelde?
fruto da fusão de dois colégios privados - que simbologia - nasce a rebeldia.
Os morangos têm música, dança, tramóias, tricas, zangas, maniqueísmos, maneirismos, guerras libidinosas, esquemas... tudo aquilo que se espera de uma novela, o reflexo de uma cultura específica. Mas têm mais, têm a habilidade de conseguir atravessar a fronteira vítrea da televisão.

Com os DZRT ao leme, rumam à sociedade de carne e osso e juntam-se aos outrora telespectadores; invadem as ruas e o espaço social orgânico e competem. Declaram-se em oposição aos gerados para e no próprio mundo onde habitam e são mais bem sucedidos do que os nativos.

Os "Morangos com Açucar" vieram atestar um estado de decadência significativo da nossa geração; quando personagens de um romance saiem às ruas para serem como que humanos reais - e dominam absolutamente a nossa legitimação de liberdade : A MAIORIA - isto revela que a sociedade não fabrica cidadãos que motivem, que sejam exemplo, que entusiasmem! Ela está na menopausa, estéril, amorfa...

Não existem músicos na vida real?
Não existem gajas boas?
E colégios privados que se fundem?
E traição? não existe?
E verão?
e férias especiais de verão?

Se há, então porque contemplam a dos outros?
Esses seres criados pela imaginação que já não gera dominam a ocupação da maioria das pessoas (as mesmas que são livres),não só das nove às dez, mas também à tarde, de manhã nos talk-shows, nas revistas, nos concertos, nas conversas de café, nos blogs como este, por todo o lado!!!!
Estamos a ser invadidos!!!

Eu vejo beleza nas ruas,
venho tramóias nas relações sociais,
conflitos de grupos nos grupos,
maldade e bem-fazer,
vacuidade e iconofilia.
há tudo isto no menú,
do dia-a-dia em carne e osso!

Por isso apelo!
Chamo por todos nós!
Geração Rebelde na TVI????

REVOLTEM-SE!!!!

Reparem nas novelas que nos rodeiam.
Para quê ver numa caixa o que se pode ver com cheiro e toque e "surround" natural?
Sejam os personagens que vêm importando ao mesmo tempo que os criam.
Sejam fieis à representação física do meramente intangível, mas não o confundam com Ser Humano, pelo menos inconscientemente.

Era preferível criarmos um clube vespertino chamado "Framboesas e xarope de Glucose" depois de fundirmos duas escolas numa.
Ao menos era uma tentativa de darmos de novo significado real à geração rebelde!
Talvez agora com uma índole mais pública e menos privada.

Se não for pedir muito...

__genemesis__

e...
em plena celebração gregoriana da metamorfose republicana do Leviatã luso
nasce um ente "antropocibernético" de dimensões públicas!!!
Sem rosto ou existência corpórea,
sem rasto ou pegadas de memória,
sem ossos,
sem carne,
sem história, filho do porvir ,
sem "devir" nada ao instante,

o XCÁRNIO existe simplesmente como emissor-repositório de mensagens em território web!!!

ESTA É A GÉNESE

de um ser-portal para uma representação virtual demente da existência fisico-espiritual sua!!!

Sem papões ou Alices,
sem palavrões ou "FODA-SE ELE EXISTE!!",
sem ambições o xcárnio persiste
nas sensações pelas quais ele imerge existindo.

o cordão umbilical foi cortado
o XCÁRNIO libertado
TiTãs e TiTânides
CiClopes e GiGantes
Hecatônquiros e humanos

a besta está à solta.

BLASFÉMIA